Beijing e Shangai

Chegamos a Beijing ja de noite e estava um frio e vento daqueles..a temperatura na gigantesca estacao de comboios rondava os -15’graus!Seguimos para casa do Alessandro e Serena, dois italianos couchsurfers que nos iam receber. Bem ao estilo italiano foram super simpaticos e receberam-nos com um “jantarzinho” tipico, estavamos esfomeados e as bruschetas souberam lindamente!Ambos viviam em Beijing ha cerca de 4 anos, deram-nos optimos conselhos de viagem e acabamos a noite a jogar Jenga com um casal amigo deles como se ja nos conhecessemos ha anos..mto bom!

Ficamos na cidade 5 dias e deu para conhecer bastante a cidade encantadora que e Pequim, apesar do frio horrivel que se fazia sentir sempre que se saia a rua...

Primeiro destino obrigatorio da cidade foi mesmo a praca Tianamen, de um lado a cidade interdita (outrora palacio real) e do outro do mausoleo de Mao Zedong. A cidade interdita, apesar dos telhados tipicos chineses e beleza indiscutivel, deixou um pouco a desejar face a residencia da familia Mu em Lijiang (Yunnan). Ja pelo seu lado o mausoleo de Mao proporciona a visita relampago da China, exactamente por ser a visita mais rapida que se pode fazer a algum lugar neste pais. Depois de apertadas medidas de seguranca (mais parece que vamos encontrar o presidente dos EUA), entra-se no mausoleo e sai-se passados 15 segundos..as regras no interior sao simples e para serem seguidas a risca!Nao e permitido parar, fotografar, sorrir nem falar. Caso abrandes a passada tens logo varios oficiais do exercito chines prontos para te porem fora do local em menos de 10 segundos..no que respeita ao defunto nao posso julgar se seria real ou apenas uma imitacao em tamanho real (sim porque a China e o pais das imitacoes, esta poderia ser mais uma!), era de estatura pequena ou muito pequena, pele muito brilhante e careca. Parecia descansar em paz, como se nao tivesse sido responsavel por milhares de mortes. Mais nao vi, foi o possivel em 15 segundos!

Outro dos locais a nao perder na cidade e o Templo dos Lamas, templo tibetano bem no centro de Beijing. Incrivel pensar que a china de Mao invadiu o territorio tibetano ate aos dias de hoje e que inumeros templos e cultura tibetana foram totalmente arrasados, no entanto este cantinho tibetano no meio de Pequim reunia toda uma magia!O cheiro a incenso a queimar sentia-se desde a rua principal, o templo era cheio de cor e bem conservado. Varias cerimonias decorriam, os sons dos bombos indiscritiveis! Haviam todos os tipos de Buda, de tamanhos e feitios...

No que respeita a compras nao pudemos perder 3 dos sitios miticos, todos distintos entre si!Nos Hutong, pequenas ruelas e edificios tipicos de 2 andares apenas, passeia-se como se da baixa da cidade se tratasse. Inumeras sao as lojinhas de comercio local que vendem de tudo um pouco, normalmente 4 ou 5 lojas seguidas vendem exactamente o mesmo tipo de bens...vai-se la entender estes chineses!Os Hutong tinham imenso charme, principalmente para acabar o dia a beber um copo. O silk market era outro local mitico a nao perder, um edificio de 6 andares apenas dedicado a contrafaccao de todo o genero e para todos os gostos!Aqui podia-se perder horas a negociar precos e comprovar o tipo de imitacao..obvio que nada que se conciliasse com uma mala de viagem ja a rebentar pelas costuras..pouco ficamos por aqui! Por fim e para os mais finos nao ha nada como nao perder os originalissimos das marcas de topo mundiais na rua Wanfuging, aqui nada que nao fosse mais do que 5 estrelas nao tinha lugar. Interessante pensar que a rua estava a pinha, cheia de chineses sem sitio para gastar o dinheiro..fiquei impressionada com o poder de compra actual de qualquer chines, aqui ficou a prova provada de que a China nao sao so lojas dos 300 (como se costuma dizer!).

E como nao poderia deixar de ser, no terceiro dia fomos para a muralha da China!Esta ia ser a minha 3ª maravilha do mundo, 2ª desta viagem. Acordamos cedo pois o caminho ate a muralha era ainda longo, 3 horas de viagem de autocarro. Optamos por nao ir ao local mais turistico para evitar as enchentes habituais, mas curioso era pensar depois que poucos eram aqueles que se aventuravam a visitar a grande muralha durante o inverno rigoroso...Quando chegamos ainda caminhamos cerca de 30 minutos ate chegar a muralha propriamente dita! Tivemos sorte e estava um dia de sol e mesmo com o frio que se fazia sentir ate estava agradavel. Fizemos um pic-nic na muralha (nao e todos os dias!) e prosseguimos depois com as 3 horas a pe ate chegarmos ao ponto combinado de saida..A vista era linda, sempre com a muralha a perder-se no horizonte fosse qual fosse o lado para que se olhasse. Normalmente diz se que e o unico sitio visivel do espaco, mas sinceramente nao percebo porque...e de facto cumprida mas nao tao grande em altura ou largura para se ver do espaco!!

No ultimo dia na cidade fomos visitar o Templo do Ceu e o parque do templo. Este era um dos sitios miticos para se ver as tradicionais dancas matinais dos reformados, velhotes a praticarem tai-chi e a jogarem cartas a seria e com todo o vigor. O templo do ceu era lindissimo, com pinturas em tons de azul pormenorizadas, impressionante! A estrutura circular das paredes do templo faziam com que se se falasse numa zona se pudesse ouvir na zona oposta do circulo. Adorei o parque e este local tal carismatico, aqui podia-se sentir a China e sua cultura.

Nesse dia a noite viajamos para Shangai, mas nao antes sem jantar novamente no restaurantezinho de tipico dumplings que haviamos descoberto no dia anterior. Fomos com antecedencia para a estacao dos comboios e qual nao foi a surpresa quando nos deparamos com uma longa fila a entrada para a inspeccao de seguranca. A enchente era tao grande que aquilo que era antecedencia passou a ser atraso e chegamos ao comboio mesmo em cima da hora! Ja sabiamos que a viagem nao ia ser das melhores..so tinhamos lugar sentado (12 horas) e quando chegamos ao comboio nem tinhamos espaco para as malas de tao a pinha que estava!

Chegamos a Shangai naturalmente cansados e fomos ter com a Bunny-Rose, outro nome interessante do couchsurfing!A casa dela era bem central na concessao francesa, num predio antigo para pessooas solteiras. Basicamente neste predio cada condomino tinha um quarto, sendo a casa de banho e cozinha partilhado com os restantes moradores do predio. O duche pelo menos era privado e o quarto dela era todo bem arranjadinho mas o resto do edifico era surreal...so vendo! Ela avisou-nos logo quando chegamos “Don’t use the shared toilet, do your business in Starbucks”, nunca vou esquecer aquelas palavras sabias. Ela era de Singapura e super porreira, deu-nos bons conselhos de viagem tambem mas acabamos por estar com ela so dessa vez!

Caiu chuva durante os dois dias que estivemos em Shangai, mas visitamos os pontos chaves da cidade. Fiquei com ideia de ser a cidade mais ocidentalizada da China, tambem com mais expatriados. O facto de ser um centro comercial ao ar livre somando o facto de ter um dos centros financeiros maiores do mundo tambem ajuda! Qual pais comunista, aqui reinava o capitalismo puro e duro! A concessao francesa dava um pouco impressao que estavamos a passear nas ruas de Paris, com pastelarias e restaurantes tipicos por todo o lado, aliados aos pequenos predios de estilo europeu. O Bund (marginal) com vista para o Pudong (bairro financeiro) dava um pouco a transparecer aquilo que Shangai era no fundo e apenas, uma cidade cosmopolita bem ao estilo ocidental, cheia de arranha-ceus e pouco mais!

Dia seguinte aproveitamos para visitar o local onde ocorreu a primeira reuniao do partido comunista chines, bem no coracao da concessao francesa para nao chamar muita atencao!O museu era bem ao estilo chines, ou seja de veracidade de desconfiar, mas interessante pensar que tinha sido ali que tudo tinha comecado! Um pouco em contraste fomos depois visitar o museu da propaganda politica, uma das maiores surpresas para mim na China no que respeita a museus! Isto porque era um museu de tutela privada, super dificil de encontrar, numa cave de um predio super escondido. Todas as explicacoes estavam em ingles e estava muito bem construido, com uma coleccao de propaganda politica da era Mao muito bem conseguida. O primeiro museu que vimos que criticava a politica da epoca e alguns dos acontecimentos, tal como a ocupacao do Tibete. Fascinante como uma coleccao tao boa tinha conseguido sobreviver a toda a censura da epoca de Mao e ate aos dias de hoje!Aconselho vivamente a todos os que pensarem dar um pulinho a Shangai!

Ja estavamos de partida de Shangai e da China, 25 horas de comboio ate Guilin (sul do pais) para uma curta paragem e estavamos ja com um pezinho no Vietname!

Yiger chowmin, Xexe

Partimos depois para Dazu na provincia de Chongqing para visitarmos as grutas budistas. No hotel o ingles era fraco e traduziam tudo no google, mas la nos entendemos e conseguimos encontrar o destino J As gravuras budistas eram esculpidas na rocha, Budas gigantes bem trabalhados e coloridos!

Era impressionante o trabalho minucioso, uma optima introducao as gravuras e grutas budistas de toda a China..

Fomos depois para Xian, um pouco mais a Norte, no entanto tudo o que e “um pouco” longe na China acaba por ser muito muito longe! Com o aproximar do ano novo chines, conseguir comprar bilhetes de comboio ja era uma grande aventura...com o pequeno pormenor de ser em chines..sempre que iamos a uma estacao de comboios so faziamos figas para que houvesse o bilhete que queriamos, caso contrario nao iamos saber pedir outro!!

Em Xian tivemos uma experiencia bem gira e totalmente fora do ambito propriamente backpacker! Fizemos couchsurfing durante uns 4 dias com um frances e um catalao, Raphael e Joan, ambos expatriados a viver na China ha mais de 5 anos. A casa deles era num 18 andar, um duplex super moderno com vista para a cidade, muito acolhedor mesmo e ja nem queria saber se estava a dormir no sofa ou nao! Acabamos por conhecer na primeira noite em Xian quase todos os bares e discotecas da cidade, o melhor mesmo e que sempre acompanhados por expatriados que dominavam o chines, estava mesmo feliz nesta cidade!!!

Dia seguinte fomos visitar a cidade, um quadrado perfeito entre muralhas, com um frio horrivel que pela primeira vez atingiu graus negativos...mas ja estava resignada com as condicoes climatericas do pais! Visitamos a Pagoda de varios metros de altura e o bairro muculmano, com imensas vendinhas de rua, bairro que nunca dorme, ha sempre alguem a vender ou a comprar alguma coisa a qualquer hora do dia ou da noite. O Raphael convidou-nos para jantar com uns amigos expatriados e la fomos nos...acabamos num restaurante chic chines a beber vinho com uns 10 expatriados de todos os cantos do mundo, o jantar mais caro da viagem, 14 euros por pessoa!

Visitamos no dia seguinte o Tumulo do Imperador Jingli, espolio esse que so foi descoberto pelos arqueologos aquando da construcao de uma auto-estrada em 1990...surreal como nos dias de hoje ainda se podiam encontrar tesouros como estes! Os rapazes foram depois ter aquele momento que seria totalmente impossivel se nao estivessemos a fazer couchsurfing...squash num condominio privado de Xian!! Acabamos a nossa visita por Xian no famoso espolio do Exercito de Terra Cota, por alguns considerado a 8ª maravilha do mundo...e de verdade impressionante mas nao posso partilhar a opiniao que deveria ser considerado maravilha do mundo! Ali reinava a historia com cerca de 2 mil anos, literalmente um sem fim de cacos!!Um exercito de inumeras estatuas, todas diferentes entre si, diferentes caras e diferentes posicoes das maos...uma loucura pensar que foi mandado construir para o tumulo do imperado quando este tinha apenas 13 anos e que a sua construcao vitimou milhares de vidas!

Proseguimos viagem para Luoyang onde iamos visitar outras grutas budistas, Longmen. Iamos ficar a fazer couchsurfing com um local de seu nome “artistico” Love Lush (podem gozar!!!eheh)! Por desencontro acabamos por nao ficar em casa dele e jantamos apenas com ele...so para imaginarem a personagem, ele era totalmente gay, alias ThaiGay ao seu expoente maximo,em Bangkok nao iria destuar, com todos os tics de maos e lingua enrolada..era super simpatico e divertido, deu-nos bons conselhos de viagem!

Dia seguinte fomos visitar as gravuras de Longmen, esculpidas na rocha ao longo do rio. As gravuras eram budistas, algumas eram monumentais, Budas de varios metros de altura! Muitas das gravuras estavam ja sem cabecas, cortadas por coleccionadores de arte locais..fazia-me lembrar os franceses que saquearam as nossas igrejas e mosteiros aquando das invasoes napoleonicas!!

Next stop antes de Beijing foi tambem para visitar as mais impressionantes grutas budistas da China, Datong. Depois de 10 horas de viagem la chegamos a Datong, para a China nao era nada longe!:P Aqui sentimos o inverno mais rigoroso da China, -14 graus e eu ja estava a gelar..sair a rua so por si era uma aventura e contagem decrescente para o proximo sitio aquecido! Fomos muito bem recebidos pelo CouchSurfer Guoxiang, um chines que mal falava ingles e que ofereceu logo as suas luvas ao Manu quando o viu de maos desnudas! Ficamos surpresos a principio pois o dito Guoxiang havia respondido ao Manu a primeira vez em frances, dizendo depois que nao falava frances nos ficamos um pouco baralhados, mas ok la acabamos por comunicar sempre por email em ingles...ate que percebemos que ele traduzia tudo no google tradutor e no fim de contas nao falava outra lingua senao Mandarim e nem percebia a diferenca entre frances e ingles!Nice! Anyway...O Guoxiang dividia a casa com 4 colegas e todos trabalhavam em restaurantes de fast food, Mc Donalds e KFC, dado que na China estas cadeias estao abertas 24horas por dia, eles pareciam trabalhar a horas inacreditaveis!

Dia seguinte fomos visitar as grutas budistas e estas eram, sem qualquer duvida, as mais impressionantes que tinhamos visitado! Todos os budas esculpidos tinham varios metros de altura, muito pormenorizados e coloridos...este local sim, digno de maravilha do mundo! O frio e vento era tao cortante que nao conseguia ter nenhuma parte do meu corpo de fora...ou seja, parecia uma deficiente toda cheia de roupa e cachecois ate aos dentes!! Voltamos para casa pois era mesmo impossivel andar na rua com aquele frio e ficamos por la enquanto todos trabalhavam varias horas no KFC!Estavamos ali sozinhos na casa dos chineses que mal nos conheciam, enquanto eles estavam a trabalhar...isto e que era a confianca do couchsurfing! O Manu decidiu ir tomar banho e inundou a casa do vizinho de baixo...hehehe, o chines ficou furioso e veio bater a porta varias vezes, bem tentavamos pedir desculpas mas a comunicacao nao era a melhor...lololol!

Seguimos para Beijing, sem qualquer duvida o ponto alto da viagem...

"We are chinese people"

Chegamos a Kunming pelas 06h00 da manha e nao se poderia chamar propriamente a China um pais “facil”...era de prever que a comunicacao nao fosse das melhores, mas porra podem pelo menos aprender 1 ou 2 palavras de ingles?! Por enquanto a resposta e nao, alias meiyou, portanto se queres viajar na China ha que vestir a camisola e aprender um pouco de mandarim..nada que um lonely planet phrasebook nao ajude, alias foi o nosso melhor aliado contra o chines!!

Aparte do “pequeno” problema de comunicacao, a primeira impressao da China era mais do que boa, um pais super desenvolvido, limpo, com variedade de ofertas! Quando se esta no ocidente pensa-se, erradamente!, que tudo o que e chines e mau...Aqui ha do melhor e do pior, alias porque esta e mesmo a fabrica do mundo tanto para o que e bom como para o que e mediocre!

Fomos para Dali, cidade onde vive o pai do Manu e o descanso durante a epoca natalicia vinha mesmo saber a ginjas. Nao havia melhor sitio para parar por uns dias e recarregar baterias! A cidade era rodeada por um lago e pelas montanhas. Os dias estavam frios mas de sol, a comida era finalmente optima e fresca J Era de poder dizer “ enfim, na China!”, tudo super lindo, limpo e acolhedor.

Passar o Natal num pais nao catolico e quase como nao ser Natal, nada de arvores ou ruas decoradas, pais natal, bolo rei, peru ou bacalhau!Apesar disso estar no Natal longe da familia fez com que passasse um dos dias mais dificeis e tristes nesta viagem....era inevitavel ter saudades, mas estava a custar mais do que esperava! Na noite da consoada ainda houve uns vestigios de pais natal...os chineses sairam a rua com bones de pai natal e “arma” em punho!Aqui a arma e mais nem menos que espuma de carnaval...o objectivo e senao atacar qualquer pessoa que no caminho se atravesse, enchendo-a de espuma ate ao tutano!!Enfim, os chineses sao assim...Tentamos convencer a sra. do supermercado de Dali que eramos chineses, ela quase acreditou “ohhhhhhhhhh, ohhhhh”, gracas ao franco-chines do Manu, claro!O meu chines nao passava de “Ni Rao” (Ola). Ainda numa onda familiar e de descanso fomos para Lijiang, ainda na regiao do Yunnan, passar a passagem de ano..como se pode imaginar nada ou quase nada comemorada, dado o ano novo chines ser so em Fevereiro! A cidade era linda, mesmo a porta das montanhas, com vista para a garganta do Dragao! Sim porque os chineses acreditam que vive um Dragao no seu territorio, um Dragao sagrado e aquando da construcao da linha ferrea os boicotes a mesma foram varios, baseados em crencas de que esta construcao iria destruir as costas do Dragao!!!Acho que la alguem tentou explicar aos chineses que dragoes so em Komodo...lol!!Depois de 10 dias no Yunnan a recuperar energia, no primeiro dia do ano prosseguimos viagem para Norte.

Chengdu era o nosso proximo destino e foi aqui comecou a nossa aventura na China profunda, China do frio, China do couchsurfing!Sim, couchsurfing foi uma boa solucao para viajar num pais em que comunicacao e absolutamente inexistente para nao falantes de mandarim!Assim poderiamos ser melhor orientados pelos locais ou pelos residentes...foi o melhor que pudemos fazer!

A primeira experiencia foi mesmo em Chengdu, Ernie era o nome da CS que nos iria acolher. Atraves dos contactos previos parecia ser super simpatica e queria verdadeiramente acolher-nos..quando a encontramos a comunicacao nao foi a melhor, o ingles dela podia-se resumir em poucas palavras, mas isso ja era optimo de qualquer maneira!!Fomos entao a um mercado tipico comprar o jantar, aqui vendia-se de tudo o que se pode imaginar. Tentamos fazer um exchange, nos preparavamos qualquer coisa western e ela qualquer coisa ocidental! Era um optimo desafio e fizemos salade de frutas com smarties para sobremesa. A Ernie ensinou-nos a fazer dumpling (genero de ravioli) e passamos uma meia hora entretidos a tentar enrolar a carne nas finas peliculas de farinha...nao estava a sair boa coisa e os nossos ficaram todos defeituosos comparados com os dela:P A Ernie e a irma nao interiorizaram o conceito de sobremesa (apesar de termos tentado explicar em chines) e entao comiam deliciadas a salada de frutas com smarties misturado com o arroz branco e com o peixe...entretanto a salada de frutas tinha ficado toda azul por causa dos smarties...enfim, da para imaginar a mistela! O apartamento delas era bem pequeno mas acolhedor, fora o pormenor de nao ser aquecido (na China so as cidades acima do rio amarelo sao autorizadas pelo governo de Beijing a ter aquecimento, logo se Chengdu e abaixo do rio, facam 20 graus ou -20 graus e igual pois nao ha aquecimento para ninguem!)...ou seja, estavam zero graus dentro daquele apartamento e ja so me tentava aquecer de qualquer maneira, tentado explicar que tinham de fechar a varanda da rua para nao fazer tanto frio...que filme!Dia seguinte acordamos e ja tinhamos pequeno almoco pronto...patas de frango!hum nham...delicioso logo para comecar o dia..mal viraram as costas tivemos de encontrar uma pastelaria que vendesse pao ou qualquer coisa similar a pao! Depois de todo este choque gastronomico estavamos prontos para visitar a reserva natural de proteccao do panda gigante. O parque super bem conseguido ficou para mim no Top 5 da China. Cheio de pandas por todo o lado, explicava bem todo o dificil processo de salvar uma especie ameacada e que ainda por cima e preguicosa para reproducao...sempre que nasce um panda e um milagre!!Havia uma zona especial para o bercario onde dormiam varios pandinhas de 6 meses, curiosamente dormiam mesmo em bercos iguais aos dos bebes humanos...eram tao fofinhos, dava vontade de levar um para casa para brincar! De volta a casa, a Ernie estava tao euforica de nos acolher que nao parava de andar aos saltinhos, querer agradar-nos com musica chinesa para bebes...as vezes pensava “Mas que idade e que tu tens?!”, lolol! Pormenores aparte, o balanco do primeiro couchsurfing chines era bem positivo e a Ernie tinha-nos ensinado imensas coisas..

Partimos depois para Dazu na provincia de Chongqing para visitar as grutas budistas..

Ainda sobre a India..

Quando vejo que a ultima vez que escrevi no blog foi na India e sobre o Rajastao, parece algo que fiz noutra viagem totalmente distinta da que estou agora..parece tao distante e diferente do que vivi recentemente, a palavra diferente e a que mais se pode adequar!

Depois de sairmos do Rajastao vivemos duas semanas intensas no Norte da India, antes mesmo de partirmos para a China, duas semanas marcadas pela montanha e religiao.

Partimos para o norte da India, para os vales onde nasce o rio Ganges, rio mais importante do pais e que influencia toda a cultura Hindu. Haridwar e uma cidade pequena mas que junta milhoes de peregrinos todos os anos. Os hindus vem aqui pedir proteccao para as suas familias e entes queridos, atraves da simbolica oferenda ao rio de velas e flores. Homens e mulheres banham-se no rio para se purificarem. O ritual pode ser feito e visto durante todo o dia, no entanto o mais natural e que seja feito ao nascer ou por do sol.

Fomos ver a cerimonia do por do sol no primeiro dia que chegamos. Quanto mais via menos percebia e gostava desta religiao. A cerimonia consistia num punjab, a tal oferenda ao rio para proteccao dos familiares e entes queridos...mas nao era um simples punjab. Quanto mais se desse de donativo aos oficiais do recinto, mais "eficaz" era o punjab. Depois dos sinos e da musica comecar a tocar era todo um ritual muito similar a um qualquer leilao. "Quem da mais punjab?!100 rupies, 200 rupies. ok, ja vamos em 1.000 rupies. Quem da mais?" Enfim, nao era a cerimonia mais bonita que ja tinha assistido, mas era bastante interessante pela coragem de quem se banhava nas aguas geladas do Ganges com o frio que se fazia sentir, acreditando que se poderia purificar. Eu continuava a acreditar que se eles nao morressem depois daquele banhinho ja seria uma sorte! Sim porque o Ganges e o rio mais poluido do mundo, mas nesta zona (bem perto da nascente) ate me pareceu limpinho...

Fomos depois para McLeod Ganj, mais conhecido como Dharamsala, o Little Tibet indiano que acolhe His Holiness o Dalai Lama, o governo exilado do Tibete e a maior comunidade tibetana no exilio. A cidade e bem no meio das montanhas e a viagem de autocarro para aqui foi uma tormenta de 12 longas horas. Quando chegamos conhecemos uma pacata e simpatica cidade, cheia de tibetanos por todo o lado, repleta de bandeiras religiosas de todas as cores e com vista belissima para os Himalaias. Comemorava-se por esses dias o aniversario da atribuicao do premio nobel da paz ao Big D (sim, agora era assim que o tratavamos...), todos estavam em festa usando os trages tradicionais e os templos todos ornamentados. O templo tibetano aqui era um pequena replica do templo tibetano de Lhasa, cheio de monges em reflexao (e alguns a dormir...)! Dentro do recinto existia tambem um museu sobre a historia e cultura do Tibete, realcando toda a luta que o Big D e as guerrilhas locais tem desenvolvido para a independencia do territorio desde a ocupacao do Tibete por parte da China em 1949. Eram impressionantes os relatos da ocupacao chinesa no Tibete, de como esmagaram a cultura, religiao, tradicoes e fizeram inumeros prisioneiros politicos. Aquele que o Big D anunciou ser o proximo Pachen Lama, quando apenas tinha 6 anos de idade, encontra-se desaparecido ha 10 anos e segundo relatos de populares preso pelo governo chines. Senti me naquele momento uma traidora, pensar que dentro de 1 semana ja estava na China, era como compactuar com a situacao e fechar simplesmente os olhos para a questao. “Aninhas, o judas” estalava na minha cabeca em cada segundo! A saida do museu havia grande aparato na rua cheia de fieis em fila..ficamos com eles a aguardar ate que passou o Big D de carrinha escoltada. O Big D parecia simpatico, sorria e acenava!

Dia seguinte fomos fazer uma caminhada montanha acima, 12 km sempre a subir ate ao pico de Triund..prometia..12 km nao era assim tanto, mas quando comecei a realizar a inclinacao as coisas mudaram de figura! Foi a caminhada mais dura que alguma vez fiz..McLeod Ganj tem uma altitude de 1770 metros e Triund de 2900 metros. Fiquei imensas vezes para tras e o Manu la gritava “forca estas a andar bem, optimo ritmo”, enquanto eu tinha a sensacao que ia cuspir os pulmoes a qualquer instante!!Quando finalmente la cheguei ao cume da montanha, sentia me tao orgulhosa por nunca ter desistido mas uma coisa era certa, o meu sonho nao era ser alpinista:P A vista para o himalaia coberto de neve era lindissima, fizemos um pequeno pic-nic ate que o nevoeiro repentino comecou a esconder a montanha...hora de partir antes que seja perigoso demais! No total foram 8 longas horas de caminhada, uma vista incrivel sobre a natureza intocavel e dores fenomenais do corpo...

Nesse dia a noite partimos para Varanasi, cerca de 25 horas de caminho separavam ambas as cidades. Pela primeira vez o nosso bilhete de comboio tinha a sigla “WL” que desconheciamos, nem ligamos a situacao e saltamos para o comboio ja em cima da hora!!! Ok, e agora onde e o nosso lugar?! Percebemos depois de curtas e dificeis conversas monosilabicas com os indianos que tinhamos ficado em Waiting List e nao tinhamos lugar naquele comboio a pinha!Uns indianos simpaticos la nos deram um espacinho para nos sentarmos no lugar deles na sleeper class, tinhamos de esperar pelo pica para saber o desfecho daquela viagem..conclusao, pagamos 3 vezes mais devido a multa e deram-nos apenas um lugar para os dois, mal tinhamos posicao!

Depois de muito custo nem queria acreditar que tinhamos chegado a Varanasi, The Holy Place! Varanasi (Banana Lassi) era uma das cidades mais caracteristicas da India, com ruas estreitas que se perdem no meio dos bazares de saris!E aquela cidade em que nao se consegue perceber ao que cheira, devido ao misto entre coco de vaca, incenso, flores e poluicao...ficamos numa GuestHouse espectacular junto ao rio e ja me dava por satisfeita por ter encontrado um sitio tao zen! Varanasi e uma cidade que se estende ao longo do rio Ganges, com inumeros ghats de acesso ao rio. Os ghats aqui, ao contrario de Pushcar, eram totalmente transitaveis a qualquer hora do dia ou da noite. Nalguns deles era possivel ver-se a cerimonia de punjab no nascer e no por do sol, noutros fieis a purificarem-se a qualquer hora do dia, outros dois eram crematorios ao ar livre e inumeros simplesmente pontos de passagem, passeio e onde se podia ver jogos de criquet. Alugamos um barco e demos uma volta ao longo do rio, o que mais me impressionou foram mesmo os crematorios a ceu aberto. Aqui era possivel ver todo o processo...os corpos dos defuntos a chegarem em traves de madeira, todos ornamentados e cobertos com tecidos coloridos. Colocados depois sobre pilhas de madeira e incendiados com combustivel. Ficavam ali a arder no minimo 4 horas, enquanto os familiares (so homens) acompanhavam a sua combustao ate ao final. Quando o corpo ja estava completamente carbonizado, parte das cinzas eram lancadas pelo elemento mais importante da familia ao rio. Nao se ouvia um unico choro nem se viam lagrimas, era uma cerimonia de interiorizacao sobre a vida que partia..no meio dos crematorios haviam vacas, caes e cabras a comerem lixo e a remexer nas cinzas..This is India!!!

Varanasi era para mim a cidade mais indiana da India e que nao poderia passar indiferente ao comum do mortal...quantas nao foram as vezes em que nas ruas super estreitas me tive de esmagar contra uma parede para poder passar por uma vaca...

Fomos depois para Darjeeling, cidade perdida nos himalaias e bem famosa pelo seu cha!Chegar a lugar tao longinquo era “aquela” aventura...apanhamos um comboio em Varanasi e a primeira vista ia ser uma viagem terrivel, so gente aos caidos, lixo por todo o lado...enfim la tinha de ser 16 horas de viagem!Depois disso ainda tivemos de apanhar um outro jipe ate finalmente chegar a Darjeeling, o caminho bem torbulento, alias tal como em toda a India, mas as vistas sobre os campos de cha eram magnificas!A cidade ja gelava pela noite apesar de ainda nao ter vestigios de neve e pela manha a vista sobre os Himalaias gelados era soberba!!Visitamos o zoo de Darjeeling com especies protegidas dos Himalaias, no entanto deixava muito a desejar sendo um zoo bem pequeno..mas uma das razoes principais para visitar Darjeeling era mesmo o cha e a sua fabricacao manual, infiltramo-nos numa fabrica de cha e acabamos por sair uns expert acerca do processo!!O cha do “Happy Valley” sai de Darjeeling a custar 1 euro e chega ao Harrods de Londres a custar uns 20 euros...sao os voos que estao caros!!:)

Outro dos imperdiveis de Darjeeling era o nascer de sol com vista para o Monte Everest...porra, este ate poderia ser um dos “perdiveis” pois acordar as 04h da manha com um frio terrivel custou para caramba...la comprei um casaco de pelo e uma manta pelo caminho, estava ja a sofrer demais com aquele frio como uma exilada tibetana perdida nos Himalaias por meses...O nascer do sol foi bonito com direito a grande salva de palmas dos turistas..mas bem dificil de apreciar devido ao frio, porra sabia que do outro lado ficava o Nepal, ainda mais gelado que ali!!!By By Nepal, ficas para uma proxima!

Fomos para Kolkata mas desta vez ja so de passagem para a China. A cidade ia ficar na memoria como uma cidade com uma enorme influencia colonial e super super pobre...para quando algum investimento por aqui?!!Os carros ainda eram os da era britanica e por muito que a Madre Teresa tenha feito pelas pessoas e exilados desta cidade, a verdade e que ainda hoje era marcada pela divisao da India apos independencia...

Fisicamente ja estoirados precisavamos de descanso mais que merecido..voamos para Kunming, na regiao do Yunnan, deixando para tras um pais com uma variedade cultural gigantesca que contrastava com a pobreza e lixo...estavamos a precisar de algo diferente, algo mais facil e limpo!